O mundo da gestão estratégica chegou aos escritórios jurídicos

O mundo jurídico está a procura de um novo
caminho, uma maneira eficaz, porém ética de adequar-se à terrível competição e
escassez futura de demandas judiciais suficientes para atender a todos os
advogados. O que veremos daqui por diante é uma crise ser precedentes, tal qual
a que atingiu a Espanha na década de 90, na área médica, onde existe 30% de
médicos ociosos, sem campo de trabalho. A verdade é que as coisas estão muito
mais complexas, o conhecimento sozinho, não consegue ser responsável pelo
sucesso. O direito não está mais na década 70/80. A percepção do cliente mudou
e o número de advogados e sociedades jurídicas mais fortes também.

E nós devemos acompanhar essa revolução.

Está é uma nova era. A visão empresarial já
está no mundo jurídico. Vivemos uma mudança cultural inevitável, a mutação do
tecido jurídico: o que antes era crítica, segue agora uma nova ordem.

O Escritório Jurídico do século XXI
necessita ter definida as seguintes áreas:

· Comunicação Jurídica – ser
percebido pelo mercado de maneira ética e eficaz;

· Marketing de relacionamento –
conseguir suprir as necessidades dos clientes;

· Tecnologia & Informática –
administrar a informação e logística;

· Gestão Administrativa – modelos
copiados de empresas com excelência;

· Gestão Financeira – máximo resultado
e controle de custos;

· Recursos Humanos – selecionar,
desenvolver e motivar talentos internos;

· Qualidade – implementação de
sistemas qualitativos e de controle;

· Planejamento Estratégico –
criando condições para o crescimento do negócio.

Estas, querendo ou não, são exigências do
mercado e saber construí-las é tudo o que importa hoje, não basta dominar o
conhecimento, é preciso comunicá-lo. Diferenciar ou morrer essa é a nova tese.
Qual o meu objetivo?

Que o escritório ao incorporar a
comunicação estratégica, torna-se mais agressivo, estabelece vínculos
duradouros com o mercado. Sim, é uma missão difícil. As cabeças pensantes nunca
abrem mão facilmente dos seus padrões. Mas, a era da mente fechada terminou,
ninguém é mais ingênuo e muito menos o cliente. Em síntese diferenciar no
mercado construir a marca, reter a imagem no mercado, atrair, manter e
relacionar-se com clientes suprindo suas necessidades – eis a missão da
comunicação jurídica e gestão estratégica.

Comunicação + Visão Empresarial + Reputação
+ Marca + Gestão Profissional + Talentos = maior possibilidade de sucesso do
escritório.

Concentrar-se no que sabe fazer.

O que os escritórios maiores estão fazendo é
concentrar-se naquilo que sabem fazer de melhor, ou seja, em sua especialidade
que é advogar. Isso é chamado na administração de foco no core business, onde
para as empresas crescerem e alcançarem melhores resultados, focam a sua
especialidade a nível de excelência. Assim, as atividades inerentes a
administração do escritório jurídico tem ficado a cargo de administradores
formados, permitindo assim o tempo vital para que o advogado possa trabalhar
seus clientes, criatividade e novas teses que afinal, é a verdadeira missão da
advocacia. O raciocínio é tranqüilo e o objetivo principal torna-se a
transformação da visão empresarial do escritório. Seguir modelos é uma maneira
prática de realizar isso como a Skadden Arps, escritório jurídico americano,
que tem entre seus clientes a rede Wall Mart
e faturou cerca de 1 bilhão de dólares no ano passado. Para controlar
tal patrimônio somente uma gestão extremamente profissional pode dar conta sem
que vire um tormento para os sócios. Isso, felizmente, já ocorre no Brasil com
freqüência, pois estão tentando adequar-se à mudança cultural que se instalou no
país. A abertura do mercado, o movimento de fusões e aquisições gerado por ela
e a onda de privatizações aumentaram muito a procura pelos serviços que esses
advogados oferecem. A composição dos quadros funcionais dos escritórios com
profissionais de outras áreas possibilitam traçar estratégias de longo prazo,
investir em relacionamento com os clientes e o desenvolvimento de programas de
competência humana. Os escritórios Barbosa, Mussnich & Aragão, Tozzini
Freire e Conselvan,Fraxino advogados associados são exemplos deste pensamento
moderno, pois criaram alternativas para lidar melhor com seus advogados,
compreendendo que a atividade é tensa e para isso, precisam cuidar da massa
crítica que os compõe ou seja, o regime escravocrata está com seus dias contados.

Prepare-se quem puder. Este, sem dúvida, é
um novo tempo…

 


 

Informações Sobre o Autor

 

Rodrigo Bertozzi

 

sócio da Selem, Bertozzi & Consultores Associados, especializado em escritórios de advocacia. Administrador e MBA em marketing. Escritor nascido em Franca (SP), é autor dos livros Elias Poe, Depois da Tempestade, Um Futuro Perfeito, O Despertar, Marketing Jurídico, A Reinvenção da Advocacia, Revolution Marketing Place e O Senhor do Castelo.

 


 

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