Uma estratégia silenciosa

O presidente
norte-americano George W. Bush enfatizou inúmeras vezes, desde os cruéis
atentados contra o mundo localizados em Nova York e Washington, que os Estados Unidos
estão em guerra. Guerra
contra o terror. O líder americano também afirmou que esta é uma guerra
diferente, a primeira do século XXI. Em discurso no Congresso, que uniu democratas e republicanos em uma demonstração de
unidade política, confirmou a confiança da vitória contra os terroristas e
afirmou que esta será uma guerra longa e muitas vezes não saberemos das
vitórias silenciosas contra o terror.

Os Estados Unidos, inteligentemente, estão construindo uma rede
mundial contra o terrorismo. O principal aliado americano nesta guerra é a
Inglaterra, vítima constante do terror orquestrado principalmente pelo IRA. Outro aliado incondicional dos Estados Unidos é a
Espanha, vítima do terror espalhado pelo ETA. Além do apoio destes dois países,
Bush recebeu em Washington o apoio do Japão e da França nas visitas de Junishiro Koizumi e Jacques Chirac,
além da União Européia com a visita de Romano Prodi.
Entretanto, um dos mais importantes apoios até agora não foi largamente
noticiado. É o apoio da Rússia. Vladimir Putin está
trabalhando lado a lado com Washington para varrer o terror do mundo.

Estes apoios são fundamentais para o tipo de guerra desenhado pelo
gabinete nacional de segurança de Bush. Serão inúmeras batalhas em diversas
frentes, e ao contrário do que muitos pensam, já começou.

A especulação sobre um bombardeio em Cabul e no resto do Afeganistão
é constante, já que a mídia noticia incansavelmente o deslocamento das forças
militares americanas e inglesas para posições estratégicas entre o Oriente
Médio e a Ásia. Ora, se os Estados Unidos fossem invadir o território afegão
neste momento, estas manobras não seriam noticiadas. Seria no mínimo ingênuo
acreditar que um ataque deste porte seria anunciado. Estes movimentos militares
já alcançaram os dois principais objetivos deste primeiro momento: uma forte
pressão psicológica nos líderes terroristas e o deslocamento da atenção da
mídia para estas manobras.

Enquanto todos estão ocupados com uma possível invasão do
Afeganistão, uma outra frente contra o terror já está em pleno funcionamento ao
redor do mundo: os serviços de inteligência dos diversos países que estão
cooperando com os Estados Unidos. São, principalmente, os serviços secretos dos
EUA, Inglaterra, Espanha, Rússia, Itália, Alemanha, Holanda, França, Japão e
Israel. De outro lado, o G-7 está auxiliando no bloqueio de contas relacionadas
ao terror por todo o mundo, inclusive na Suíça com o apoio de seu governo. Uma
outra frente é composta por bloqueios e sanções econômicas para aqueles países
que abrigam ou são coniventes com o terrorismo, além da queda das mesmas para
os países que se alinharem no combate de grupos que promovem o terror.

É de extrema importância frisar que esta não é uma guerra do
ocidente contra o oriente. É uma luta do mundo contra o terrorismo. O Islamismo
é pacífico. O mundo muçulmano moderado está apoiando as ações aliadas, pois
sabem que serão os grandes beneficiários da vitória contra o medo. Da mesma
forma, esta é a grande possibilidade de atingir os pontos nefrálgicos de grupos
como ETA e IRA. A ação internacional deve prender os responsáveis pelo terror
em sua mais ampla forma, desde Osama Bin Laden e os mandatários de
nações que dão abrigo ao terror até os líderes de grupos extremistas que
exercem a proliferação do medo no mundo. Estes devem ser encaminhados para a
justiça em Haia, juntado-se
ao ex-ditador Milosevic.

A ação contra o terrorismo será ampla, maior do que se imagina,
pois o objetivo é extirpar o terror do mundo. Não serão necessários grandes
bombardeios, mas uma cooperação efetiva entre diversas nações na caça daqueles
que vem espalhando o medo no planeta. Com sistemas de inteligência integrados,
além das forças especiais militares, será possível detectar a posição dos
líderes e dos locais de produção e armazenamento de armamento clandestino,
inclusive nuclear, ao redor do mundo. A estrutura usada pelos grupos
terroristas será quebrada, pois a cooperação é multilateral, em áreas pontuais.
A caça ao terror já começou. Termino com as palavras do líder George W. Bush:
“Esta será uma guerra longa e muitas vezes não saberemos das vitórias
silenciosas contra o terror”.

 


 

Informações Sobre o Autor

 

Márcio C. Coimbra

 

advogado, sócio da Governale – Políticas Públicas e Relações Institucionais (www.governale.com.br). Habilitado em Direito Mercantil pela Unisinos. Professor de Direito Constitucional e Internacional do UniCEUB – Centro Universitário de Brasília. PIL pela Harvard Law School. MBA em Direito Econômico pela Fundação Getúlio Vargas. Especialista em Direito Internacional pela UFRGS. Mestrando em Relações Internacionais pela UnB.
Vice-Presidente do Conil-Conselho Nacional dos Institutos Liberais pelo Distrito Federal. Sócio do IEE – Instituto de Estudos Empresariais. É editor do site Parlata (www.parlata.com.br) articulista semanal do site www.diegocasagrande.com.br e www.direito.com.br. Tem artigos e entrevistas publicadas em diversos sites nacionais e estrangeiros (www.urgente24.tv) e jornais brasileiros como Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Zero Hora, Jornal de Brasília, Correio Braziliense, O Estado do Maranhão, Diário Catarinense, Gazeta do Paraná, O Tempo (MG), Hoje em Dia, Jornal do Tocantins, Correio da Paraíba e A Gazeta do Acre. É autor do livro “A Recuperação da Empresa: Regimes Jurídicos brasileiro e norte-americano”, Ed. Síntese – IOB Thomson (www.sintese.com).

 


 

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