EUA, o bumerangue do terror

Longe de justificar a morte de
inocentes, vítimas da agressão de seu país à civilização humana, no impacto dos
atentados terroristas que destruíram os ícones maiores do poderio econômico e
militar no centro do mundo, é preciso refletir. Ninguém pode se igualar em
terrorismo ao praticado ancestralmente pelo E.U., esse que, agora, como um
bumerangue atinge o próprio sistema. E uma reflexão sobre a vulnerabilidade
desse poderoso império começa a ser cada vez mais aventada – o “tigre de papel”
que dizia Mao Tsé-Tung -, impositor de modelos econômicos incompatíveis com a
dignidade humana.

Os atentados vieram no dia em que se
completam 18 anos do golpe, que matou milhares, patrocinado pelos E.U. no
Chile, em que foi assassinado seu presidente, democráticamente
eleito, Salvador Allende. E o Ministro da Defesa
americano, Colin Powel,
está na Colômbia – dizendo para o presidente Andrés Pastrana
o que será o plano de ocupação e devastação planejado pelo seu país para a
América do Sul. Meras coincidências. Mas “quousque tandem abutere patientia nostra?” Até quando
abusarás de nossa paciência? Longe vai o genocídio de Hiroshima e Nagasaky, mas a prática terrorista persiste.

Os E.U. foram vítimas do bumerangue que
lançaram com dezenas de ações de terrorismo de estado em décadas, crimes que
praticaram contra a vida no planeta – um método contra o qual agora protestam.
Com que direitos, depois de matarem sem tréguas globalmente, com as poderosas
armas que criam e exportam ávidamente estes
mercadores da morte? Os EU defendem uma democracia que não tem, patrocinando
golpes militares e ditaduras em todo o planeta, agora governos “democráticos”
que exploram seu povo. A “eleição” de Bush desmascarou a farsa do voto popular
da sua “democracia” de fancaria, com cartas e votos
marcados, em um país que não conquistou sequer para seu povo o titulo de
eleitor.

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A miséria expandida nos países
dominados pelo colonialismo não se modificou  naqueles controlados pelos
E.U., que a partir do final da Segunda Grande Guerra, assumiram o papel de
tutores de metade do mundo que dividiam com a extinta União Soviética – sem deixar alternativas. Os que eram contrários ao modelo de
exploração eram taxados de comunistas, caçados e cassados como feras,
torturados, perseguidos, presos, assassinados, invadidos, em todo o
mundo.  E isso é terrorismo. Ou não?

Às ditaduras políticas subsistiu a
ditadura econômica, de planos impostos à larga engendrados em Washington e Nova
Iorque, “consensos” deficitários para os países pobres aceitos desde logo pelos
que se filiaram aos esquemas de poder para sobreviver com suas verbas
generosas, que recuperariam logo. Matando gente pela fome. Como se chama
mesmo  isso? Terrorismo, que quer permancer pela
força, incontrolável.

Os déficits econômicos impostos por uma
“globalização” de um lado só aprofundam a crise social em todos os países
submetidos, controlados por uma imprensa manipulada e pelas agências de
notícias de Tio Sam que alertam para o “terror” do
socialismo que sobrevive na ilha do Caribe – que apesar, demonstra índices
positivos de educação e saúde, superiores à toda
América Latrina dos norte-americanos. Fazem terrorismo.

Os bombardeios se tornaram regra após o
desequilíbrio mundial com a conversão soviética ao capitalismo, criando centena
de milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza, formando alianças militares
para devastar a Bósnia ou o que lhe interessasse para a rentável produção
armamentista, amplamente positiva em termos internos como geradora de recursos.
Plantam-se guerras e vendem-se armas para ditadores que mantém os povos à
míngua – exportando terror. São peritos.

Tendo plantado um protetorado em pleno
território inimigo e rico em petróleo, Israel no Oriente Médio, criado em 1948
pela ONU, os EU fizeram daquelas  populações, árabes e judeus, suas buchas
de canhão a degladiar-se – sem nenhuma identidade com
os interesses econômicos que regeram o conflito armado.

Neste momento, o genocídio sobre o povo
palestino, cercado, privado de suas terras, sem comida nem água, proibido de
plantar e morar e vítima do terrorismo, sugere sua
eliminação como a tentada pelos nazistas ao povo judeu – que agora revida, ao
invés de evoluir. Não, não é o povo que revida, mas um estado perigosamente
teocrático, aliás como já alertava Marx muito antes de
existir o estado de Israel a respeito da questão judaica. Marx, aliás, que
muito melhor que um Nostradamus que, dizem, falou em
“duas bolas de fogo sobre a grande maçã”, que seria a “Big Apple”,
Nova Iorque.

Este sistema econômico que esgotou seu
modelo que, diria nosso grande santista Silvério Fontes – o primeiro socialista
do Brasil no dizer de Otávio Brandão (leia a obra) -, no fim do século
XIX,  substituiu com vantagens ao feudalismo, se exauriu,
incapaz de prover de progresso a sociedade, em favor da vida. Manteve-se pela
força e pelas armas, pelo tacape ancestral e obsoleto, em guerras de conquista
e máquinas de exploração e acumulação, espalhando competição e infelicidade.
Pervertendo homens e vidas, promovendo genocídios e conflitos entre povos e
raças iguais, com brutalidade. As classes que o controlam recusam a mudança, na
perspectiva do acúmulo sem fim.

Agora, na crise agônica do capitalismo,
como outra vez previu Marx cientificamente no “Manifesto” de 1848, todas as
ações com vistas a ampliar sua própria capacidade de sobrevivência se aplicam,
com suas corporações, patenteando até a agricultura com os transgênicos.
Provocando crises artificiais de energia elétrica para impor os serviços e
produtos de suas empresas, contando com o apoio de seus aliados estrategicamente
posicionados, que cerceia importações, que manipula mercados. É desse país que falamos, que planta ventos e colhe tempestades.

 


 

Informações Sobre o Autor

 

Paulo Matos

 

jornalista, historiador pós-graduado e quintanista de Direito, diretor jurídico do Diretório Central dos Estudantes da Unisantos.

 


 

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