Linguagem científica: características e importância

Resumo: Este artigo buscará delinear as principais características da linguagem científica, apontando recomendações e erros mais comuns na redação do texto científico, e também identificar qual a importância de se ter uma linguagem científica, quais os objetivos de se estabelecer um padrão de linguagem para a produção científica, questionando-se para qual leitor se destina a produção científica. Para tal tarefa, será utilizada, precipuamente, pesquisa bibliográfica.

Palavras Chave: linguagem – científica – regras – importância – erros

Abstract: This article will show the most important characteristics of the scientific language, including recommendations and the most common mistakes made while writing a scientific text, besides also identifying the importance of using said language and what results one aims to achieve when establishing a language pattern to the scientific production, taking to account the profile of its readers. To this goal, it will be used, mostly, bibliographical research.

Key Words: scientific – language – rules – importance – mistakes

Sumário: Introdução. Linguagem. Linguagem verbal. Linguagem científica. O leitor do texto científico. Conclusão.

Introdução

A produção científica é regida por algumas regras que disciplinam como deverão ser produzidos os trabalhos científicos. Em nossa área de atuação, qual seja, o direito, predomina o trabalho científico escrito, que se utiliza da linguagem científica verbal, em sua modalidade escrita. Mas o que seria essa linguagem científica? Quais são suas características? E ainda, o que significa linguagem em sentido amplo? Quais são os outros tipos de linguagem? E por qual razão é importante que o trabalho científico respeite a uma linguagem específica, à linguagem científica?

Procuraremos responder a estes questionamentos ao decorrer deste artigo, partindo de um breve panorama sobre o que é linguagem, em sentido amplo, e depois nos direcionando ao exame da linguagem científica em particular, traçando algumas recomendações para a redação científica e apontando os erros mais comuns, para que possamos evita-los. Por fim, trataremos da questão do leitor do texto científico, sobre qual a importância de identifica-lo e de moldar as técnicas de redação para que o texto seja apreciado por este leitor.

1. Linguagem

Quando procuramos traçar o conceito de linguagem, é costumeiro remontar à necessidade que o ser humano tem de se comunicar. Neste contexto, tem-se a concepção do ser humano além de um animal racional, mas também um ser social e sensível. Assim, levando-se em conta a sociabilidade do ser humano, revela-se a necessidade que o homem tem de interagir com o outro e com o meio em que vive, de exprimir suas ideias, pensamentos e sentimentos. Já quando pensamos na sensibilidade do ser humano, estamos ressaltando seus sentidos, que constituem os instrumentos pelos quais o homem consegue se socializar, estabelecendo uma comunicação.

Dessa forma, podemos deduzir que para se estabelecer esta comunicação surgiu a linguagem, a qual podemos conceituar, em um sentido amplo, como um conjunto ordenado de elementos necessários para possibilitar a comunicação entre os seres humanos. Estes elementos podem ser verbais, gestuais, sonoros ou assumir qualquer outra forma capaz de concretizar a comunicação entre os sujeitos, pois, como se assinalou acima, ela ocorre por meio dos sentidos.

Sobre o surgimento da linguagem, Jean-Jacques Rousseau, em O ensaio sobre a origem das línguas, aponta que é a palavra o que distingue os homens dos animais. Quando o homem foi reconhecido por outro homem como um ser sensível, surgiu a necessidade de comunicação, para expressar seus sentimentos e pensamentos. Para tanto, era necessário o uso dos sentidos, pelos quais um homem pode agir sobre o outro. Assim, conclui Rousseau, ocorreu a “instituição dos sinais sensíveis para expressar o pensamento” (ROUSSEAU, 2008., p. 97).

Segue Rousseau que, provavelmente, a linguagem não foi inventada a partir de um raciocínio lógico, mas sim surgiu de um instinto e, por isso, acredita que a primeira linguagem foi figurada, partindo das paixões – mais do que das necessidades –, e depois passou-se à escrita.

Esta suposição de Rousseau conversa com sua ideia de que é a palavra que distingue o homem dos demais animais, porquanto se fosse apenas por necessidade, talvez a linguagem, como a compreendemos atualmente, não teria nascido. É que o ser humano, diferentemente dos demais animais, é dotado de outros impulsos além da necessidade; são as paixões – o ódio, o amor, a raiva, e foram estas que deram origem, em um primeiro momento, à linguagem[1].

Para este pensador, a escrita, que será melhor estudada no próximo tópico, também teve suas evoluções, primeiramente concebida de um modo mais grosseiro, e depois tornando-se mais clara e exata, ao mesmo passo em que mais fria e surda, guiando-se menos pela paixão e conferindo maior enfoque à razão (ROUSSEAU, 2008, p. 103-104). É como se a paixão, as necessidades morais, tivessem fornecido o impulso necessário, ou melhor, a inspiração para que os seres humanos começassem a desenvolver a linguagem, a qual foi tomada, em um momento posterior, de maior racionalidade, com melhor definição dos termos e seus significados, mas, em contrapartida, com menos emoção.

Evanildo Bechara também relata sobre este aspecto da linguagem, ao que chama de historicidade, uma das dimensões universais da linguagem. Aponta que a linguagem sempre se apresenta por meio da língua, que é uma tradição linguística de uma dada comunidade histórica, razão pela qual não pode ser compreendida alheia a seu contexto, isto sem, sem sua localização no espaço e no tempo (BECHARA, 2009, p. 29).

Jean Dubois, assim como Rousseau, destaca que a linguagem (a palavra, para Rousseau) é um fenômeno particular e exclusivo ao ser humano, e também ressalta o caráter de comunidade/sociabilidade como contexto favorável ao desenvolvimento da linguagem (DUBOIS, 1999, p. 387):

Linguagem é a capacidade específica à espécie humana de comunicar por meio de um sistema de signos vocais (ou língua), que coloca em jogo uma técnica corporal complexa e supõe a existência de uma função simbólica e de centros nervosos geneticamente especializados”.

Medeiros e Tomasi seguem a mesma linha de entendimento (MEDEIROS e TOMASI, 2007., p. 17):

“LINGUAGEM é um sistema de signos utilizados para estabelecer uma comunicação. A linguagem humana seria de todos os sistemas de signos o mais complexo. Seu aparecimento e desenvolvimento devem-se à necessidade de comunicação dos seres humanos. Fruto de aprendizagem social e reflexo da cultura de uma comunidade, o domínio da linguagem é relevante na inserção do indivíduo na sociedade”.

Evanildo Bechara apresenta linguagem como “qualquer sistema de signos simbólicos empregados na intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e sentimentos, isto é, conteúdos de consciência”. Acrescenta que para a boa compreensão de linguagem, é importante também entender o sentido de sistema, signo, símbolo e intercomunicação social (BECHARA, 2009, p. 28)[2].

Restam claros, portanto, o papel e a importância da linguagem para o homem, enquanto ser social e sensível, tendo em vista seu objetivo maior de estabelecer uma comunicação, e que a vertente verbal não é a única forma de linguagem, isto é, não é o único meio que o ser humano possui para se estabelecer a comunicação.

Não é difícil encontrar exemplos de comunicação não verbal em nosso próprio cotidiano. O futebol, por exemplo, possui muitas regras não verbais. Quando um jogador comete uma falta, o árbitro apita, estende seu braço e, dependendo da gravidade, levanta um cartão amarelo, ou vermelho. Apenas com este gesto, sem a necessidade de o árbitro verbalizar nenhuma palavra, já se tem o suficiente para que todos os jogadores e os expectadores entendam que foi aplicada uma penalidade; entende-se que se foi levantado um cartão vermelho, o jogador será expulso de plano, porquanto cometeu uma falta mais grave; entende-se que se foi levantado um cartão amarelo, o jogador poderá permanecer no jogo enquanto não cometer outra falta que implique um cartão amarelo ou vermelho. A comunicação ocorreu sem prejuízo ao entendimento do expectador, mesmo que não tenha sido utilizada nenhuma palavra.

Outro exemplo é o sinal de trânsito. Neste caso, a comunicação ocorre também por meio de cores, de tal modo que o motorista sabe, sem nenhum ruído ou dificuldade na comunicação, que ao sinal verde pode prosseguir, ao sinal amarelo deve reduzir sua velocidade e ao sinal vermelho deve parar e esperar que o sinal verde volte a acender. Além de se tratar de um meio de comunicação não verbal, é ainda um ato administrativo não verbal, dotado de todos os atributos que um ato administrativo possui (imperatividade, presunção de legitimidade, exigibilidade e executoriedade[3]), não valendo menos por ser um ato não escrito.

Por fim, outro exemplo de linguagem não verbal está no vestuário, na moda, ou na maneira como nos vestimos. Para melhor visualizar, tomemos um exemplo marcante, que foi o movimento punk, o qual se destacou, dentre outras características, por uma estética bastante forte, até mesmo agressiva, caracterizada pelo uso de cabelos coloridos e espetados, maquiagens exageradas, acessórios pontiagudos e roupas de material sintético.

Mesmo que possa não parecer, à primeira vista, que toda esta manifestação era proposital, a adoção desse modo de se vestir não foi à toa. Essa estética agressiva veio justamente como resposta aos padrões então vigentes na sociedade inglesa ao final da década de 1970, em que imperavam costumes relacionados à monarquia e aos ideários hippies. Foi um modo que os jovens da época encontraram para demonstrar sua insatisfação e dar visibilidade às ideias niilistas.

A contraposição à estética hippie é bastante visível, conforme apontado por Mariana Rocha em publicação na revista Cult, pois enquanto os hippies prezavam pelo orgânico, pelo natural, cabelos longos e soltos, os punks trouxeram os materiais sintéticos, artificiais, pontiagudos e cabelos descoloridos e espetados. No mesmo artigo, Mariana Rocha assinala:

“O que valia nesse momento era uma expressão pessoal que se revelava, por meio da indumentária, e criava laços com seus semelhantes, ao mesmo tempo em que os separava violentamente dos “outros”. Essa postura separatista e o visual agressivo dão à vestimenta um caráter combativo e travam, no campo da moda, um diálogo ideológico. O grupo de punk não queria apenas se expressar, queria também incomodar e abalar as estruturas vigentes”.[4]

Desta forma, não resta dúvidas de que o uso da estética punk estabeleceu uma comunicação àquela época, com resquícios ainda hoje, arrisco acrescentar, pois expressavam os valores e sentimentos dos participantes desse movimento de descontentamento com os valores vigentes, mesmo sem utilizar palavras. A postura, os acessórios, as atitudes dos grupos punks, por si só, já eram suficientes para externar uma mensagem.

Portanto, traçados os conceitos introdutórios e citados alguns exemplos para ilustrar o tema, concluímos este primeiro tópico com a convicção de que linguagem é um conjunto de signos que permitem o estabelecimento de uma comunicação, que é algo inerente ao ser humano, enquanto um ser social, e que tal comunicação ocorre por meio dos sentidos, pois o homem é um ser sensível, e é por meio dos sentidos que o ser humano consegue externar suas emoções e ideias a outro ser humano. Retomando Rousseau, a linguagem surge por mais do que simples necessidade do homem, mas por suas necessidades morais, as paixões, as quais verdadeiramente inspiraram o surgimento da linguagem.

2. Linguagem verbal

A linguagem verbal provavelmente é o primeiro tipo de linguagem que nos vem a mente quando pensamos em um meio para se comunicar. Este pensamento só é possível a partir do momento em que a sociedade já possui símbolos e significados atribuídos a eles, que permitam uma comunicação livre de ruídos por meio de sons convencionados, por cada comunidade, ao que chamamos de língua.

A linguagem verbal é aquela que promove a comunicação por meio de palavras, que pode ocorrer via oral e por escrita.

Medeiros e Tomasi conceituam linguagem verbal como uma faculdade que o homem usa para exprimir seus estados mentais por meio de um sistema de sons vocais denominado língua. Esse sistema organiza os signos e estabelece regras para seu uso (MEDEIROS e TOMASI, 2007, p. 17).

Por isso, a linguagem se desenvolve com base no uso de um sistema ou código de comunicação, que é a língua. A linguagem, portanto, é uma característica humana universal, enquanto a língua é a linguagem particular de uma comunidade, de um grupo, de um povo.

Dubois, quando analisa o termo língua, apresenta como sendo seu sentido mais corrente o de “um instrumento de comunicação, um sistema de signos vocais específicos aos membros de uma mesma comunidade” (DUBOIS, 1999, p. 378). A língua, então, como apresenta Dubois, possui uma estrutura organizada por meio de um sistema (DUBOIS, 1999, p. 560):

“Em linguística, a língua é considerada um sistema no sentido de que, num nível dado (fonema, morfema, sintagma) ou numa classe dada, existe, entre outros termos, um conjunto de relações que os liga uns aos outros, se bem que, se um dos termos se modificar, o equilíbrio do sistema fica afetado.

‘Dá-se também o nome de sistema a todo o conjunto de termos estreitamente correlacionados entre si no interior de um sistema geral da língua. (…) Fala-se assim do sistema do número no português (singular vs. plural), do sistema fonológico, do sistema vocálico, etc.”.

A língua, então, é todo este sistema de signos que podem ser combinados entre si. É, portanto, abstrata. O que concretiza a língua é a fala ou o discurso.

Quando ocorre a fala, revela-se o aspecto concreto e exterior da linguagem. Por outro lado, então, a língua é um "um conjunto de potencialidades dos atos de fala" (TOMASI e MEDEIROS, 2007, p. 19).

A língua falada (oral) é mais dinâmica que a escrita, porquanto a realização oral da fala ocorre sobretudo em situações informais, em que é quase impraticável o uso da norma culta. Há certa ausência de censura normativa gramatical na língua oral, o que favorece o surgimento de uma modalidade rica em possibilidades expressivas.

A fala é anterior à escrita, mas tem sido colocada em posição inferior à escrita, por causa das circunstâncias modernas que as informações e documentos escritos constituem o mundo das relações humanas e de produção.

Evanildo Bechara apresenta sistema, norma, fala e tipo linguístico como sendo os quatro planos de estruturação da língua. Cabe destacar os conceitos do autor acerca de sistema e norma (BECHARA, 2009, p. 42):

“O sistema contém apenas as oposições funcionais, isto é, contém unicamente os traços distintivos necessários e indispensáveis para que uma unidade da língua (quer no plano de expressão, quer no plano do conteúdo) não se confunda com outra unidade.

‘Assim, no sistema dos relativos em português, que e o qual se opõem ambos a quem e cujo, por exemplo; mas a norma usual da língua prefere unicamente o qual, e não que, depois de preposição com mais de duas sílabas:

‘Os caminhos de que (dos quais) lhe falei…

‘Mas:

‘As razões segundo as quais (e não segundo que)”.

A norma, de seu turno (BECHARA, 2009, p. 42):

“contém tudo o que na língua não é funcional, mas que é tradicional, comum e constante ou, em outras palavras, tudo o que se diz “assim e não de outra maneira”. É o plano de estruturação do saber idiomático que está mais próximo das realizações concretas. O sistema e a norma de uma língua funcional refletem sua estrutura”.

Por exemplo, a norma-padrão, de que tanto ouvimos falar, é a linguagem praticada por aqueles que compõem a classe culta, escolarizada. É uma nomenclatura que imprime uma variante social, que nada tem de melhor em relação às outras. Seu prestígio decorre da importância da classe social a que corresponde (MEDEIROS e TOMASI, Atlas, 2007).

A fim de ilustrar, tomemos como exemplo o cenário da música popular brasileira. De regra, costuma-se conferir grande prestígio aos compositores de determinados gêneros de música, como a MPB e a bossa nova, mas, de outro, há certa desvalorização das produções em outros ramos musicais, como o Rap e o funk carioca, pois, geralmente, os compositores dos primeiros gêneros musicais destacados compõe a elite culta, enquanto as composições de Rap e funk carioca apresentam outras temáticas e protagonistas, e inclusive outro linguajar, marcado por muitas gírias, de tal modo que muitos desprezam as obras nessas áreas. Entretanto, na realidade, todos os gêneros musicais possuem seu papel e sua força social de mesma qualidade, apenas acaba-se atribuindo mais prestígio à MPB e à bossa nova pois representam a sociedade mais “culta”.

3. Linguagem científica

Feitas as anotações acerca da linguagem em geral, passando por um breve estudo sobre a linguagem verbal, é momento de se analisar a linguagem científica em si, objeto maior deste artigo.

Após todo o tempo empregado na pesquisa e orientação, chega a hora em que o autor precisa colocar todo o seu pensamento e raciocínio “no papel”. É o momento da redação, por meio da qual o autor irá comunicar-se com o leitor, demonstrando o caminho percorrido durante a pesquisa, o raciocínio utilizado e as conclusões e dúvidas a que se chegou.

A hora da redação não é de menor importância que o momento reservado à pesquisa. Como já foi analisado neste trabalho, o ser humano, para transmitir suas ideias e pensamentos, precisa estabelecer uma comunicação. A comunicação ocorre por meio da linguagem, em sentido amplo. Em se tratando de um texto científico, a comunicação ocorre por meio da linguagem científica. Sem isto, é impossível que o autor externe suas descobertas, conclusões e pensamentos, isto é, é impossível a comunicação. Dai a grande importância da linguagem no trabalho científico.

Para Johnny José Mafra, a redação é a última etapa do trabalho de pesquisa, parte mais difícil da atividade de pesquisa. É por meio da redação que o assunto recebe um tratamento lógico e homogêneo: (MAFRA, 2007, p. 75).

“A tarefa de redigir consiste, em última análise, em expor ou relatar e comentar o que se conheceu ou se veio a conhecer sobre um assunto, de forma ordenada”.

Antônio Joaquim Severino aponta que o momento da redação é a expressão literária do raciocínio desenvolvido no trabalho, o que, em um trabalho científico, impõe a necessidade de um estilo sóbrio e preciso, que confira clareza mais do que qualquer outra característica estilística. O que importa, em um texto científico, é que o leitor possa entender o raciocínio e as ideias do autor, sem ser impedido por uma linguagem hermética ou esotérica (SEVERINO, 2007, p. 200).

Antônio Joaquim segue explicando que o estilo do texto é determinado pela natureza do raciocínio específico da área do saber quarta qual está atrelado.

Do mesmo modo, segue o autor, ocorre a elaboração dos parágrafos, de tal modo que cada parágrafo expressa uma etapa do raciocínio, podendo ser maior ou mais complexo de acordo com o raciocínio que nele se desenvolveu, sendo a mudança de parágrafo um avanço no raciocínio. Ainda, aponta que devem ser evitados os parágrafos muito curtos (excesso de parágrafos) e muito longos (ausência de parágrafos) (SEVERINO, 2007, p. 201-202).

Todavia, esse processo de transmitir ao outro as conclusões obtidas com a pesquisa científica não é fácil. O autor, de regra, encontra alguns obstáculos e dificuldades na elaboração do texto, e muito se deve ao fato de que acabamos por nos preocupar muito com a pesquisa, mas deixamos de lado, durante o processo da elaboração do trabalho científico, a redação.

Neste sentido, Orlando Antunes Batista aponta duas grandes dificuldades na redação (BATISTA, 2002, p. 29/30):

“As dificuldades existentes para a elaboração do trabalho científico surgem porque o autor do texto científico está preocupado com o método científico e deseja expor uma ideia dentro de método e se esquece, via de regra, de que sem um método comunicativo não conseguirá jamais seus objetivos. (…)

‘A primeira dificuldade aparece porque o autor do texto científico desconhece o que significa noção de texto. Logo em seguida surge outra quando o autor se depara com a questão da montagem da linguagem do texto. A noção de escritura aqui empregada deve ser compreendida como fundamentadora do processo de produção do discurso que procura se tornar o texto enquanto pertencente ao universo da arte verbal. A concepção de “redação” não deve ser inserida no contexto deste manual. As características externas do texto são estabelecidas pelo método dialético e as internas pela noção de Discurso”.

Dos pontos levantados por Orlando Antunes Batista, verifica-se que, em geral, preocupamo-nos com o processo de pesquisa científica, mas sentimos um estranhamento na hora de produzir o texto científico, porquanto desconhecemos o próprio significado de texto, e depois porque encontramos dificuldade na produção do texto.

Segue apontando Orlando Antunes que a linguagem científica é marcada pelo tom discursivo, que se mede pela argumentatividade[5], conjugando-se as dominantes linguísticas da referenciabilidade e da poeticidade, não havendo que se falar na predominância de uma ou outra. Por fim, assinala que eventuais problemas linguísticos na elaboração do texto científico são prejudiciais porquanto podem afetar a força discursiva da comunicação da ideia (BATISTA, 2002, p. 37).

Para Medeiros e Tomasi, a linguagem técnica e científica é uma modalidade de linguagem que se aproxima do nível culto. Pauta-se no uso da linguagem que se apoia também na gramaticalidade para transmitir a ideia de precisão, de neutralidade.

No que se refere ao uso de termos técnicos restritos a uma área do saber, isto é, que não são de uso corriqueiro por toda a sociedade, Medeiros e Tomasi recomendam que a utilização do vocábulo específico ocorra apenas para designar instrumentos de um ofício ou ciência, ou para introduzir conceitos científicos, transações comerciais, financeiras ou econômicas. Outrossim, acautelam sobre as palavras utilizadas na linguagem técnica, que por vezes, são as mesmas que as utilizadas na linguagem comum, mas no trabalho científico devem ser empregadas em um sentido preciso, monossêmico, ora, ainda, em sentido estritamente técnico.

Por fim, apontam que os raciocínios usados na linguagem científica são logicamente concatenados: ou dedutivos, ou indutivos. Assim, a linguagem que se pretende desenvolver é neutra, de vocabulário preciso, construída sob o rigor da subordinação e da ausência de emoção, o que se externa pela hierarquização de ideias e uso de orações subordinadas (MEDEIROS e TOMASI, 2007).

Rizzato Nunes também aponta que o texto científico deve se utilizar por meio de linguagem simples, a fim de que seja compreendido por toda a comunidade. Entretanto, aponta que, na realidade, os textos científicos não costumar utilizar palavras passíveis de compreensão por todos da comunidade (NUNES, 2011, p. 125).

Nunes atribui a isto dois motivos: o primeiro, devido à própria necessidade que o autor tem de utilizar linguajar técnico da área específica de sua investigação, e o segundo pela exigência de apresentar proposições controláveis em termo de rigor linguístico que permitam à comunidade científica, na qual o trabalho está inserido, a entender a comunicação.

Desta forma, em um entendimento diverso do que se defende neste trabalho, Rizzato Nunes entende que o autor tem de ter em mente que deve escrever para os leitores: os membros da banca e o seu orientador, e outros leitores em potencial, da área ou não. Não deve focar no leitor "leigo", pois traduzir seu trabalho, elaborado em uma linguagem técnica, para se tornar acessível ao leigo é muito trabalhoso, é até mesmo produzir dois textos. Assim, a preocupação deve estar voltada para quem irá ler o texto. Observo que este tema, do leitor do trabalho científico, será melhor explorado ao final deste artigo.

Por esses motivos, entende Nunes que a monografia se constrói cada vez mais por meio de uma linguagem técnica, o que passou a ser característica fundamental do texto. É fato, todavia, que nenhum texto se realiza apenas com a linguagem técnica. O autor lança mão também da linguagem natural (a língua pátria), que dá suporte às hipóteses, às apresentações, ao arranjo geral do texto, à amarração dos capítulos, etc.

O uso da linguagem comum, todavia, não se confunde com o uso da linguagem informal com emprego de gírias, mas também não deve a linguagem do texto científico ser rebuscada; deve ser clara e formal.

Outra observação que Rizzato Nunes faz se relaciona ao emprego do verbo na primeira pessoa do singular ou na primeira pessoa do plural. A comunicação científica deve ter um caráter formal e impessoal. Isso significa que deve ser evitado o uso da primeira pessoa do singular, sendo mais adequado o uso da primeira pessoa do plural ou utilizar-se dos recursos que torne o texto impessoal, como as expressões: conclui-se que; percebe-se pela leitura do texto; é válido supor; ter-se-ia dizer; verificar-se-á (NUNES, 2011).

Desta forma, podemos concluir que todas as regras e a indicação dos erros mais comuns relacionados à linguagem científica tem em vista direcionar o autor a uma redação neutra, precisa e clara.

Para tanto, podemos reunir algumas recomendações para a redação do texto científico, aqui simplificadas:

a) Evitar o uso de termos técnicos, exceto quando realmente houver necessidade ou em trabalhos especializados;

b) Se necessário o uso de um termo técnico, tomar cautela para emprega-lo em sua correta acepção;

c) Evitar o uso de termos e expressões pomposos, que nada têm a acrescentar e apenas dificultam a compreensão do texto, sob a aparência de se tratar de um texto mais erudito pelo uso de palavras rebuscadas;

d) Evitar, do mesmo modo, termos pertencentes a linguagem coloquial;

e) Evitar escrever o que não é necessário para a compreensão do texto, como transpor frases feitas ou uso de linguagem sentimental;

f) Evitar o uso de conceitos vagos e, se for necessário, pormenorizar seu significado, indicando ao leitor o qual a acepção que se adotou para o conceito vago;

g) Em se tratando do uso de palavras e expressões cujo conceito varia na doutrina, indicar a qual entendimento o autor se filia, para não gerar dúvidas no leitor;

h) Por outro lado, no caso de conceitos ou dados facilmente verificáveis ou de conhecimento geral, que são lugar-comum, não se desgastar explicitando-os, a não ser, é claro, que seja justamente este o tema do trabalho;

i) Evitar o uso de expressões de difícil ou impossível comprovação, como as expressões “a maioria diz que”, “muitos afirmam que”, “nenhum autor entende que”.

4. O leitor do texto científico

Tudo o que foi até então exposto nos conduz a uma questão central: procuramos elaborar o texto científico de um modo claro e preciso para que seja de fácil de compreensão, de tal modo que nossas premissas, nosso raciocínio e nossas conclusão sejam bem expostos e identificados. Mas para quem dirigimos nosso trabalho? Para quem queremos ser claros e precisos? A quem queremos demonstrar o caminho que percorremos para chegar a essa ou aquela conclusão? Ao orientador e à banca examinadora? A um grupo específico relacionado a nossa área de pesquisa? Ou a toda a sociedade em geral? Ou, ainda, a uma determinada parcela da população, a uma “elite”?

O texto científico é escrito para o que chamamos de leitor universal. Assim, mesmo que o trabalho verse sobre um assunto atinente a uma área específica, recomenda-se que sua redação também leve em consideração que estudioso de outras áreas, leigos, portanto, em relação à área de atuação do autor, também possam se servir do trabalho apresentado.

Para fins de qualificação e aprovação, decerto, o texto científico se dirige aos examinadores. Todavia, isto não deveria retirar o trabalho de o autor explanar todas as suas referências e conclusões a fim de esclarecer quais os métodos empregados na pesquisa, bem como as conclusões do trabalho, a não ser que se trate de termos e ideias cujo significado já seja pacificado, que consistam em um lugar-comum. Neste caso, em nada contribuiria a explicação mais detalhada do autor sobre o assunto.

Entretanto, não há uma regra rígida acerca do que deve ou não ser explicado em pormenores, varia dependendo de cada texto. Como aponta Umberto Eco (ECO, 2005, p. 116):

“De início, definem-se os termos usados, a menos que se trate de termos consagrado e indiscutíveis pela disciplina em causa. Numa tese de lógica formal, não precisarei definir um termo como “implicação” (mas numa tese sobre a implicação estrita de Lewis, terei de definir a diferença entre implicação material e implicação estrita). Numa tese de lingüística não terei de definir a noção de fonema (mas devo fazê-lo se o assunto da tese for a definição do fonema de Jakobson). Porém, neste mesma tese linguística, se empregar a palavra “signo” seria conveniente defini-la, pois dá-se o caso de que o termo se refere a coisas diversas em autores diversos. Portanto, termos como regra geral: definir todos os termos técnicos usados como categorias-chave do discurso. (destaques conforme original)”.

Outro ponto relevante acerca do leitor ou auditório do trabalho científico é que quando falamos em leitor universal, em realidade estamos tratando de um auditório heterogêneo. E isso, no que tange à argumentação, é melhor, pois exige um trabalho mais aprimorado do autor na tarefa de convencimento do leitor. Como apontam Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts Tyteca, aqueles que se acostumam a dirigir-se a um auditório específico correm o risco de sustentar teses que soariam estranhas ou mesmo opostas se fossem ouvidas por um outro auditório, de tal modo que se pode afirmar existir uma certa fraqueza em relação aos argumentos que são aceitos apenas por alguns auditórios particulares (PERELMAN e TYTECA, 2005, p. 37).

Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts Tyteca também apontam a existência dos chamados “auditórios de elite”, aqueles que se caracterizam por uma situação hierárquica que os diferenciam do homem comum, e que por vezes são associados ao auditório universal, no sentido de que são apontados como modelo, ao qual todo o mundo deve buscar se amoldar. Para este trabalho, este seria mais um tipo de auditório específico, e não o universal[6].

Assim, conclui-se que o autor deve redigir seu trabalho tendo em vista o leitor universal, que não necessariamente atua em sua mesma área do conhecimento. Desta forma, são necessários esclarecimentos acerca de eventuais termos técnicos que se utilize, ou ainda, se for o caso, de indicar a qual entendimento se filia o autor, quando se discute tema abordado por formas diferenças por outros estudiosos.

A preocupação do autor em clarificar sua explicação, de maneira alguma, demonstra menor domínio sobre o tema, nem o uso de linguagem simplificada tira sua credibilidade. Muito pelo contrário, o trabalho que o autor tem em pormenorizar seu raciocínio permite um maior diálogo com outras fontes e outras áreas do conhecimento, o que apenas contribui para o papel da atividade acadêmica na sociedade.

5. Conclusão

A parte da redação do texto científico apresenta grandes desafios ao autor. Costumamos empenhar bastante tempo e energia durante a pesquisa para o nosso trabalho, deixando para um último momento a preocupação com a redação e a linguagem científica, e isso nos traz dificuldades, que por vezes custam a ser superadas, pois não estudamos o assunto durante todo o processo anterior.

Deveríamos, desde o início de nossa vida acadêmica, preocuparmo-nos com o texto científico, a fim de melhorar nossas técnicas de redação e possibilitar uma comunicação sempre mais clara e precisa, livre de ruídos; fugir dos vícios da linguagem coloquial e oral, e escapar também da linguagem estritamente técnica. Escrever um trabalho científico, visto por esta ótica, não deixa de ser um grande exercício de empatia, e, mais ainda, de humildade e solidariedade, tendo em vista que quando pensamos em escrever para um leitor universal, buscamos compartilhar o conhecimento, adquirido por um árduo e prazeroso processo de pesquisa, com todos os que se encontram dispostos a lê-lo, sem criar entraves ou obstáculos desnecessários àqueles que não detêm conhecimento na área específica do trabalho.

Novamente, retomo as palavras de Rousseau, compartilhando de seu entendimento de que, mais do que da necessidade, a linguagem surgiu da paixão. E, de fato, mais do que precisar nos comunicar, queremos, desejamos nos comunicar, interagir e nos desenvolver. Somos um ser social, somos um ser sensível, o que nos permite e nos motiva a agir além da necessidade.

Enquanto sensíveis, podemos usufruir da visão, do tato, do olfato, da audição e da voz para nos comunicar, para externar nossas ideias e sentimentos.

Como um ser social, agimos em conjunto, externamos nossas ideias para que outros possam ouvi-la, e dividir nossas pesquisas e descobertas com o universal, sem reservar o conhecimento a um grupo restrito, a uma “elite” detentora do conhecimento sobre determinado assunto, apenas traduz essa nossa condição, ou melhor, esta nossa boa qualidade.

 

Referências
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DUBOIS, Jean et al. Dicionário de Linguística. Direção e coordenação geral da tradução Prof. Dr. Izidoro Blikstein. 7 ed. São Paulo: Cultrix, 1999.
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KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e linguagem. 13ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.
MAFRA, Johnny José. Ler e tomar notas: primeiros passos da pesquisa bibliográfica: orientações para produção de textos acadêmicos. 2. ed. rev. e ampl., Belo Horizonte: Edição Autor, 2007.
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NUNES, Rizzato. Manual na monografia jurídica: como se faz: uma monografia, uma dissertação, uma tese. 8ª Ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2011.
PERELMAN, Chaïm e TYTECA, Lucie Olbrechts. Tratado da argumentação: a nova retórica. Tradução Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão [revisão da tradução Eduardo Brandão]. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
ROCHA, Mariana. Punk na moda. Sitio oficial da revista Cult. Disponível em http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/punk-na-moda/. Acesso em 29 de setembro de 2015.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Ensaio sobre a origem das línguas. Tradução: Fulvia M. L. Moretto. 3ª ed. Campinas, SP: Editora UNICAMP, 2008.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia Do Trabalho Científico. 23. ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007.
 
Notas
[1] Para Rousseau, “É presumível, portanto, que as necessidades tenham ditado os primeiros gestos e que as paixões tenham arrancado as primeiras vozes. Seguindo com essas distinções a trajetória dos fatos, talvez fosse preciso raciocinar sobre a origem das línguas de maneira totalmente diversa da que foi feita até agora. O gênio das línguas orientais, as mais antigas que conhecemos, desmente totalmente a marcha didática que se imagina em sua composição. Essas línguas nada têm de metódico e de raciocinado; são vivas e figuradas. Apresentam-nos a linguagem dos primeiros homens como línguas de geômetras e vemos que foram línguas de poetas.
‘Deve ter sido assim. Não se começou por raciocinar mas por sentir. Pretende-se que os homens tenham inventado a palavra para expressar suas necessidades: essa opinião parece insustentável. O efeito natural das primeiras necessidades foi o de afastar os homens, e não o de os aproximar. Isso era necessário para que a espécie se espalhasse e para que a Terra se povoasse rapidamente, sem o que o gênero humano ter-se-ia amontoado num canto do mundo e todo o resto teria permanecido deserto.
‘Isso basta para evidenciar que a origem das línguas não se deve às primeiras necessidades dos homens; seria absurdo que da causa que os afasta viesse a maneira de uni-los. De onde pode então vir essa origem?
‘Das necessidades morais, das paixões. Todas as paixões aproximam os homens, forçados a se separarem pela necessidade de procurar os meios de vida. Não foi a fome nem a sede mas o amor, o ódio, a piedade, a cólera que lhes arrancaram as primeiras vozes. Os frutos não fogem de nossas mãos, deles é possível alimentar-se sem falar; persegue-se em silêncio a presa que se quer comer: porém, para comover um jovem coração, para repelir um agressor injusto, a natureza dita acentos, gritos, lamentos. Eis as mais antigas palavras inventadas e eis por que as primeiras foram cantantes e apaixonadas antes de serem simples e metódicas. Tudo isso não é indistintamente verdadeiro” (ROUSSEAU, Jean-Jacques, op. cit., p. 103-104).

[2] Segundo Bechara: “Entende-se por signo ou sinal a unidade, concreta ou abstrata, real ou imaginária, que, uma vez conhecida, leva ao conhecimento de algo diferente dele mesmo: as nuvens negras e densas no céu manifestam ou são sinal de chuva iminente; o ­–s ao final de livros é o signo ou sinal de pluralizador, assim como em cantas é o signo de 2ª pessoa do singular. Por isso mesmo se diz que tais unidades são simbólicas, já que se entende em geral por símbolo aquilo que, por convenção, manifesta ou leva ao conhecimento de outra coisa, a qual substitui. (…) No que toca estritamente à linguagem humana, pois só ela é linguagem objeto da Linguística, os signos linguísticos diferem dos símbolos porque estes não constituem necessariamente sistema e podem sozinhos e sem nenhuma oposição ‘simbolizar’. (…)
‘Por fim, intercomunicação social, porque a linguagem é sempre um estar no mundo com os outros, não como um indivíduo particular, mas como parte de todo social, de uma comunidade” (op. cit., p.  28).

[3] Aqui se adotou o entendimento de Celso Antônio Bandeira de Mello, in BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 28ª ed. revista e atualizada até a Emenda Constitucional 67, de 22.12.2010. São Paulo: Malheiros, 2011, p. 417-422.

[4] Mariana Rocha é consultora de moda e estilista, e professora de Estilismo na Faculdade Santa Marcelina e de Estética e Linguagem da Moda no MBA IBModa. O artigo a que se fez referência encontra-se disponibilizado em http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/punk-na-moda/, acessado em 29 de setembro de 2015.

[5] Sobre o assunto, recomenda-se a leitura do Capítulo I de Argumentação e Linguagem de Ingedore G. Villaça Koch, do qual destaco a seguinte passagem: “a interação social por intermédio da língua caracteriza-se, fundamentalmente, pela argumentatividade. (…) o ato de argumentar, isto é, de orientar o discurso no sentido de determinadas conclusões, constitui o ato linguístico fundamental, pois todo e qualquer discurso subjaz uma ideologia, na acepção mais ampla do termo. A neutralidade é apenas um mito (…)”  in KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e linguagem. 13ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.p. 17.

[6]Para Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts Tyteca: “o auditório universal é constituído por cada qual a partir do que sabe de seus semelhantes, de modo a transcender as poucas oposições que tem de consciência. Assim, cada cultura, cada indivíduo tem sua própria concepção do auditório universal” (op. cit., p. 38-39).


Informações Sobre o Autor

Ana Paula Suitsu de Sá

Mestranda em Direitos Humanos pela Pontifícia Universidade Católica da São Paulo PUC/SP. Servidora pública federal no Tribunal Regional do Trabalho da 2 Região São Paulo


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